Lasar Segall – olhares para o feminino

 

06/05 a 09/07 – Quarta a domingo, das 14 às 18h. Gratuito

LASAR SEGALL: OLHARES PARA O FEMININO explora os retratos de diferentes mulheres que aparecem em obras de Lasar Segall, valorizando o período em que o artista passou a residir em solo brasileiro. Criada para a Casa Museu Eva Klabin, a mostra busca uma devolução poética: ver Segall pelo acervo de uma mulher.
A exposição se divide em três módulos — Família, Mulheres do Cotidiano e Lucy Citti Ferreira — e cria um encontro poético ao reunir obras de três instituições com vínculos familiares e coleções de ponta: a Casa Museu Eva Klabin, a Casa Museu Ema Klabin e o Museu Lasar Segall.
É no módulo Família que nasce a exposição. Entre as três obras desse grupo, encontra-se o único trabalho que antecede o eixo temporal da mostra: um retrato de Eva Klabin. Calcada em uma fotografia, a obra marca o encontro do artista, no mundo da imagem, com a colecionadora e idealizadora deste museu. As outras duas obras, Maternidade e Mãe e filhos, trazem seu núcleo familiar mais próximo: a esposa, Jenny Klabin, acompanhada dos filhos. A relação materna foi profundamente explorada pelo artista desde a juventude, e reaparece na exposição em quadros e na escultura Maternidade.
O segundo módulo, chamado Mulheres do Cotidiano, traz figuras femininas das camadas mais populares. Mãe negra entre casas evoca novamente a maternidade, agora vivida por uma mulher da periferia. Aqui está também Retrato feminino, em que o artista se dedica ao rosto de uma mulher negra, e Favela I, na qual a moradia popular aparece povoada, mas conta com a presença simbólica de uma mulher no centro da imagem. Ainda nesse grupo, a obra Casal do Mangue alude à realidade da prostituição desenvolvida no Mangue carioca.
Lucy Citti Ferreira — o terceiro módulo — traz três obras em que Segall trabalha o retrato de sua aprendiz e modelo. Lucy é tema de diversas pinturas do artista, encantado com a delicadeza de suas ações, ao deitar-se na rede ou pentear o cabelo, sem renunciar a sua corpulência e presença.
Por fim, vale ressaltar a escultura que perpassa toda a exposição: Duas amigas. Pelos olhares do artista, as mulheres aparecem como parceiras, unidas em um mesmo bloco. Essa obra evoca a cumplicidade feminina e revela a forma potente das mulheres que compartilham ideias (cabeças) e vivências (corpos). O exercício de imaginação e troca sobre o mundo interior se dá em uma escultura de traços simplificados. A união das duas amigas da peça, que se tornam uma só, replica-se na exposição. “Lasar Segall: olhares para o feminino” busca a multiplicidade de histórias, cores e corpos, e cumpre sua intenção ao compartilhar o segredo e a força da diversidade e da união.

Juliana Cunha

Curadora